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publicado em: 30/04/2012
Queda na taxa de juros é uma boa notícia para o consumidor, mas ainda é cedo para comemorar
Primeiro foi o Banco do Brasil que, no início de abril, anunciou uma redução agressiva das taxas de juros praticadas em diversas linhas de crédito destinadas a pessoas físicas e micro e pequenas empresas.

Aborrecida, a presidenta Dilma Rouself queixou-se publicamente. Os bancos públicos entenderam o recado e deram a largada. Pressionados, o bancos privados entregaram um pacote de medidas para o governo e timidamente dão sinais que também podem aderir, mas não muito.  No cheque especial e no financiamento de automóveis e motos, por exemplo, os juros que agora são cobrados pelos bancos públicos são praticamente a metade das taxas médias de mercado.  A queda nas taxas de juros de empréstimo pessoal é uma excelente notícia para o consumidor brasileiro, mas ainda é cedo para garantir que seja uma tendência de mercado consolidada. 

 
Primeiro foi o Banco do Brasil que, no início de abril, surpreendendo o mercado financeiro, anunciou uma redução agressiva de suas taxas de juros praticadas em diversas linhas de crédito destinadas a pessoas físicas e micro e pequenas empresas. O Banco apresentou o Bom Pra Todos, conjunto de medidas que reduzem os encargos financeiros tanto para os consumidores quanto para as micro e pequenas empresas. Segundo o BB,  suas linhas de crédito pessoal tiveram aumento médio da demanda de 45%, na comparação com março, após os cortes nas taxas de juros
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Na onda
 
No dia seguinte, foi a vez da Caixa Econômica Federal anunciar redução em suas taxas de juros. Os juros anuais do cheque especial do banco, por exemplo, caíram 67%. De acordo com o banco, um cliente que estiver utilizando um limite de R$ 2 mil terá uma economia anual em sua despesa média de juros de aproximadamente R$ 1 mil. O Banco estima beneficiar cinco milhões de clientes que já utilizam o crédito. Atualmente, a Caixa possui 13,1% do mercado de Cheque Especial. Até 11 de maio, as agências da CEF vão abrir uma hora mais cedo que o horário habitual para atender o aumento da demanda.  
 
Eis que o Banco Central, em 18 de abril, decreta a redução da taxa Selic, de 9,75% para 9%, fazendo o Brasil passar o posto de campeão mundial dos juros altos para a Rússia. Foi a deixa para o Banco do Brasil voltar a reduzir mais ainda as taxas de juros para pessoas físicas e jurídicas. É claro que, 24 horas depois, a Caixa fez a mesma coisa. 
Depois da Caixa e do Banco do Brasil, o Banrisul, outro banco estatal, também reduziu os juros no crédito para pessoas físicas e empresas. O Banco gaúcho anunciou uma redução que chega a mais de 70%. No cheque especial, por exemplo, houve corte de 74% nas taxas mínimas, de 3,22% para 0,84%. 
 
Privados

No início do ano vários bancos privados, além dos estatais, embalados com as seguidas quedas da taxa Selic, também anunciaram juros mais em conta aos consumidores e empresas – embora oferecendo reduções não tão expressivas. Mas a procura nas agências e a tal “opinião pública” obrigaram o setor privado a rever suas estratégias. Recentemente o HSBC, seguido pelo Santander, Bradesco e Itaú também apresentaram linhas de crédito mais atrativas no crédito pessoal e consignado e na aquisição de veículos. Outros bancos, também podem trilhar o mesmo caminho.
 
A agressividade dos bancos públicos balançou o instável mercado financeiro. Pressionados, representantes dos bancos privados apresentaram ao governo federal 20 propostas destinadas a reduzir o spread bancário (diferença entre o que o banco paga para captar dinheiro de investidores e o que cobra de juros dos tomadores de empréstimos). As sugestões envolvem desde redução de impostos e do depósito compulsório (dinheiro que os bancos são obrigados a recolher ao Banco Central) a medidas para reduzir a inadimplência. O governo prometeu “estudar” as medidas. 
 
Mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, resolveu pular no ringue, procurou os microfones e declarou que os bancos privados estão retendo crédito aos consumidores. Segundo o ministro, os bancos captam recursos a 9,75% ao ano e emprestam a 30%, 40%, 50% ou 80% ao ano, dependendo das linhas de crédito. “Esta situação não se justifica”, declarou. 
 
Vai continuar?

Os dirigentes dos bancos públicos dizem que a fórmula mágica é resultado da combinação inovadora da metodologia de análise de risco, que prioriza bons pagadores. O fato é que essa movimentação tem forçado uma redução geral nas taxas de mercado. Segundo o Procom/SP, a taxa média de juros bancários para empréstimo pessoal caiu 0,09 ponto porcentual em abril, passando de 5,87% para 5,78% ao mês. Os juros do cheque especial também recuaram, passando de 9,54% para 9,52% ao mês, uma variação de 0,02 ponto porcentual. A pesquisa foi feita em sete bancos: Banco do Brasil, Bradesco, CEF, HSBC, Itaú, Safra e Santander.
 
“É uma queda de braços e o resultado final vai depender da correlação de forças”, avalia o economista Valdir Alvin da Silva, professor da UFSC, especialista em sistema financeiro. Para ele o governo não vai abrir mão de manter a economia aquecida e vai usar todos os recursos para forçar os bancos privados a fornecerem linhas de crédito mais acessíveis aos consumidores e às empresas. “Os bancos privados podem ceder os anéis para não perderem os dedos, mas é preciso ter claro que a oferta de crédito necessita de lastro na economia real”, ressalta, lançando um alerta para os que pretendem correr aos bancos em busca de dinheiro barato para comprar um fogão ou uma moto: “as taxas caíram bastante, mas ainda estão entre as mais altas do planeta”.
 
Crédito mais em conta é, sem dúvida, uma boa notícia para consumidores e empresas. Mas, lembram os especialistas e analistas econômicos, o governo não pode esquecer de outras medidas igualmente importantes: como a reforma do sistema financeiro, exigir transparência total da parte dos bancos, especialmente nos custos efetivos de crédito, e investimentos públicos e privados em um rigoroso sistema de educação financeira às famílias brasileiras. Crédito mais barato não é tudo, mas já é um bom começo.
 
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